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quinta-feira, 13 de maio de 2010

POEMA

Uma porção de vapor sobe alto, além das nuvens, lá faz frio, muito frio. O vaporzinho condensa, fica pesado e despenca. Despenca do céu mais alto, é uma pequena gota de cristal que cai veloz e explode no chão sem fazer barulho. Logo evapora no asfalto. A cidade prossegue, inabalada.
Um sem-número de fantasminhas de vapor dão as mãos e juntos enfrentam o frio, o frio muito frio dos altos céus. Lentamente vão tomando forma de gude, gude liquído e flutuante. Têm tanta energia que tragam raios da terra e fazem soar tambores elétricos. Então desatinam e rolando nos campos da gravidade avançam sobre o mundo, muitos tombam no solo, mas outros vem reforçar as fileiras da chuva. Logo a cidade inteira está sob ataque e não há resistência possível. Enchentes arrastam telhados velhos e guarda-chuvas opressores.

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